Desenhar para a encosta de Lamaçães é, inevitavelmente, desenhar para a cidade de Braga. Cada gesto arquitetónico projeta-se não apenas no terreno, mas também na paisagem urbana e na relação com quem habita ou atravessa o lugar.

A casa, concebida pelo Atelier Vyasa, nasce deste diálogo entre o contexto e a consciência do próximo. Poderia ter-se erguido imponente, mas não o fez: preferiu permanecer contida, preservando a vista do vizinho de trás, afirmando assim que arquitetura é também respeito e partilha.

O lote, integrado numa UOPG, apresentava muros de cantaria granítica tradicional, testemunho da memória construtiva local. A opção projetual foi a de cruzar essa herança com a contemporaneidade: a pedra existente articula-se com o betão aparente, marcado pela textura da ripa de madeira. O resultado é uma síntese entre o que já estava e o que se acrescenta, entre o intemporal e o atual.

A geometria depurada, quase monolítica, é esculpida por pátios e aberturas que garantem privacidade, conforto climático e continuidade visual com o exterior.

A forma da casa surge da necessidade de controlar os olhares da rua. Do lado público, apresenta-se discreta, quase silenciosa, como mais uma peça na malha da cidade. Do lado íntimo, revela-se plena: aberta, generosa, pensada para viver com a paisagem.

No interior, a materialidade mantém-se coerente: superfícies em betão dialogam com madeira e vidro, criando um ambiente que é simultaneamente austero e acolhedor. A organização funcional distribui-se em diferentes cotas, acompanhando o declive natural, resultando em percursos fluidos entre áreas sociais e privadas.

Para muitos, apenas mais uma casa em Braga.

Para nós, uma jóia arquitetónica: um exercício de equilíbrio entre contexto, ética e estética.

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FICHA TÉCNICA

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